Campo Novo do Parecis

por Interlegis — última modificação 24/01/2025 16h06
36 anos de Emancipação Político-Administrativa

Processo de Criação do Município

Fragmento Histórico

 

A região de Campo Novo do Parecis começou a ser povoada a partir de 1974, com a chegada das primeiras famílias oriundas do sul do país. A agrovila se formou no início da década de 80 e, em função do aumento populacional, crescimento econômico e a grande distância à sede do município de Diamantino, foi criada uma Subprefeitura, administrada pelo Sr. Clóvis José Minozzo.

Em 1987 teve início o movimento pela emancipação e, em 2 de outubro do mesmo ano, foi protocolado na Assembleia Legislativa Estadual o Projeto de Lei nº 150, de iniciativa do então Deputado Jaime Muraro, dispondo sobre a criação do Município de Campo Novo do Parecis, desmembrando-o do Município de Diamantino, que deu origem à Lei Estadual nº 5.315, de 4 de julho de 1988.

Segue a íntegra da justificativa apresentada à época pelo Dep. Jaime Muraro, relatando a realidade e potencial local:

“ A criação do Município de Campo Novo é uma antiga reivindicação do povo daquela região. A distância de 300 km até a cidade de Diamantino sempre criou dificuldades para o povo de Campo Novo para tratar dos assuntos da comunidade e dos problemas particulares.

A região possui uma história recente. O povo vindo do sul do País em busca de terras produtivas, encontrou na região a maior chapada de terras roxas, argilosas, contínua e plana da América Latina.

O INCRA promoveu através do Projeto Fundiário Diamantino, o assentamento ordeiro dos produtores rurais que por lá vinham se estabelecendo fixando-se em terras devolutas do Estado e da União. A partir de 1982 o INCRA acelerou a titulação das áreas ocupadas servindo de base para o desenvolvimento da região. O plantio de arroz aumentou vertiginosamente, ampliando a cada ano a área cultivada.

Em 1982 o Sr. Ernesto Behling e o Sr. Anselmo Aluísio Winter plantaram, em caráter experimental, 100 hectares de soja cada um. Com o resultado excelente do experimento com soja, surgiu a febre da soja na Chapada dos Parecis, sendo hoje a lavoura mais expressiva da nova fronteira agrícola, além do arroz, milho, cana-de-açúcar, feijão e pastagem.

Em 1985 entrou em funcionamento para industrializar a safra de cana-de-açúcar a Destilaria Campo Novo, produzindo álcool hidratado, constituindo-se na maior indústria do gênero no Estado de Mato Grosso. Em função da Destilaria, nasceu a cidade de Campo Novo,  para servir de apoio aos trabalhadores da indústria e centro comercial, de ensino, de atendimento médico, residencial e centro de armazenamento de grãos, convergindo ali todos os interesses da micro região.

Enquanto Campo Novo surgia de uma hora para outra, a Itanorte, maior fazenda agricultável do mundo, pertencente ao Grupo Itamaraty, vinha e vem investindo grandes volumes de recursos em infraestrutura como: armazenamento, compra em grande escala de máquinas e equipamentos, energia elétrica, estradas, telefone, pista de pouso, núcleo residencial, destoca, preparo do solo, correção do solo, etc., plantando já nesse exercício de 1987 em torno de 50.000 hectares, com uma colheita estimada em 1.500.000 sacas de arroz e soja.

Por outro lado, as Glebas Sapezal, Papagaio, Buriti e Água Quente, nesse próximo ano de 1988, devem colher 2.000.000 de sacas de 60 kg. A Gleba Sucuruína II, entre o Rio do Sangue e o Rio Sucuruína, deve colher em 1988 em torno de 800.000 sacas de 60 kg e os produtores de Campo Novo propriamente ditos, entre o Rio Verde e o Rio do Sangue, devem produzir na próxima safra em torno de 4.000.000 sacas de arroz, soja e milho.

Esses números por si já demonstram o potencial produtivo do novo município, considerando-se também que a Destilaria Campo Novo no próximo ano produzirá 30.000.000 de litros de álcool.

Com os serviços de transferência de títulos e cadastramento de novos eleitores, queremos atingir dentro dos limites territoriais de Campo Novo mais de 2.000 eleitores.

A cidade já possui um cadastro imobiliário com 253 unidades construídas e mais de duas dezenas em construção. O novo município tem também um grande cadastro hidroelétrico composto de 7 (sete) cachoeiras já identificadas, permitindo geração de energia elétrica superior a 200.000 quilovolts. Setenta por cento das terras compreendidas entre o Rio Juruena e o Rio Sucuruína, entre a BR-364 e a divisa com a Brasnorte, que vai caracterizar o novo município, são apropriadas para cultivo intensivo através da mecanização.

O povo da região possui uma vocação voltada para o trabalho em todos os setores, e constitui um cadastro de potencial humano sem limites, tanto de vigor físico como de inteligência.

Por essas razões, não podemos nos omitir de cumprir o nosso dever em relação às aspirações do povo de Campo Novo. Vamos criar o Município e lutar em favor do seu desenvolvimento. Para tanto, tenho absoluta certeza de que posso contar com o aval dos nobres Deputados desta Casa de Leis. Desde já, em nome do povo de Campo Novo, o nosso muito obrigado.”

Eleitores residentes em Campo Novo, Município de Diamantino, que subscreveram o requerimento de criação do Município de Campo Novo do Parecis, o qual instruiu o PL 150/1987. (Documento registrado no Cartório do 1º Ofício de Tangará da Serra em agosto de 1987)

1.         João Carlos Azevedo Introvini;
2.         Sebastião Borges Pereira;
3.         Célia Storch Klein;
4.         Maria Pretto Tauchert;
5.         Francisco Antonio Ramos;
6.         Terezinha de Jesus Patricio;
7.         Seno Schweig;
8.         João Patricio do Carmo;
9.         Ary Tomazelli;
10.       Silvério Hammerschmidt;
11.       Silvio Guerra Del Barco;
12.       Inez de Ávila Del Barco;
13.       Evaldo Patricio de Souza;
14.       Elemar Ernesto Klein;
15.       Erico Elizeu Schneider;
16.       Reni Renata Schneider;
17.       Malte Eunice Fritz Berft;
18.       Olinto Artini;
19.       Adelino Vargas;
20.      Renate Ingrid Vargas;
21.       Evanir Schweig;
22.       Ledi Horst;
23.       Euclides Horst;
24.      Rudi Aloísio Engelmann;
25.       Werno Millintz;
26.      Vitor Jaskulski;
27.       Ivanor de Moura;
28.      Olivio Garcêz;
29.      Zilda Cardoso;
30.      Luiz Julio Libardi;
31.       João Francisco Pedroso da Silva;
32.       Antonio Pavan;
33.       Norma Marisa Kohls;
34.      Tomas Andrzejewski;
35.       Salvador Raimundo dos Santos;
36.      Leni Loeblein Maier;
37.       José Calixto Santiago;
38.       Nelci de Conto Santos;
39.      Luis Carlos Paolini;
40.      Salete Schmoeller Paolini;
41.       Inêz Gemo Serafini Garces;
42.      Inêz Calixto Santiago;
43.      Romualdo Calixto Santiago;
44.      Dayse Luiza Benevides Olartechea;
45.      Jaime Martelli;
46.      Reinaldo Calixto Santiago;
47.      Valentim Emidio de Oliveira;
48.      Carmen Bordini da Silva;
49.      Terezinha Ana Rebelato Martelli;
50.      Matilde Martelli Calcagnotto;
51.       Estevino Alves da Silva;
52.       Moacir Nunes da Silva;
53.       Normélia Terezinha Sattler Ghisi;
54.      Miguel Moleo;
55.       Maria Madalena Lopes da Costa;
56.      José Santana Barbosa;
57.       Pedro Paulo Heberle;
58.      Ervino Herpich;
59.      Dolores Fedrizzi Herpich;
60.      Francisco Sales dos Anjos;
61.       Dilceu Maciel dos Santos;
62.      Sebastião Porfírio;
63.      Rubens Castedo;
64.      Eduard Adolf Maier;
65.      Clovis José Minozzo;
66.      Eli Gomes;
67.      Antonio Ferraz Gomes;
68.      Adir Gomes;
69.      João Nelson Ulrich;
70.      Maria Derci Teixeira dos Santos;
71.       Júlio Cândido da Silva;
72.       Estevam Olejas;
73.       Luiz Schmitz;
74.      Alécio Adão Gallas;
75.       Odenir Ortolan;
76.      João Sopelsa;
77.       Valdir Jerkievicz;
78.      Olinda Dertelmann Graunke;
79.      Natalícia de Campos Porfirio;
80.      Polka Jaskulski;
81.       Nair Maria de Jesus;
82.      Sildo Scheidt;
83.       Climeres Marques;
84.      Rui Mendes;
85.      Leonel Rissieri Calcagnotto;
86.      Rildo Francisco Tomazelli;
87.      Nelvi Scheidt;
88.      Cléa Gomes dos Santos;
89.      Maria Luiza Souza Calcagnotto;
90.      Nair Aziliero Tomazelli;
91.       Lúcio Garcia da Rosa;
92.      Irene Calixto Santiago;
93.      Clarice Zocche;
94.      Adolfo Neumann;
95.      Liezita da Silva Assunção;
96.      Gilceu Paulo Tessaro;
97.      Agilberto Antonio Tessaro;
98.      Flávio Roberto Zeni;
99.      Albino Valdir Severo;
100.    Zeul Fedrizzi;
101.     Cleci Heidemann Ulrich Fedrizzi;
102.    Nilse Ana Sattler;
103.    Clélio Ghisi;
104.    Stela Maris Ulrich.

Seguiu-se o levantamento de dados para atender aos requisitos previstos em lei e consulta prévia, mediante plebiscito, à população diretamente interessada.

 

Resultado do PLEBISCITO realizado em 19.06.1988,

pelo Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso

  • LOCALIDADE: Campo Novo do Parecis
  • SIM: 442
  • NÃO: 04
  • BRANCOS: 02
  • NULOS: 01
  • VOTANTES: 449
  • APTOS A VOTAR: 765
  • COMPARECIMENTO %: 58,6%
  • ABSTENÇÃO %: 41,3% 

Figurou no mesmo processo de consulta plebiscitária Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Tapurah, Juruena, Matupá, Campo Verde, Cláudia e Castanheira, cujas leis de criação também datam de 4 de julho de 1988.

Após as eleições realizadas em 15.11.1988, seguiu-se a instalação do Município, em 01.01.1989, com a posse do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, com a seguinte composição:

Prefeito: Zeul Fedrizzi                                        

Vice-Prefeito: Seno Schweig

Vereadores: Ricardo Roberto, Armando Jacinto Brolio, Aristides Bertoti, Odenir Ortolan, João Patricio do Carmo, Erico Elizeu Schneider, Clauveri Fedrizzi, Paulo Antônio Martins e Ataídes Carlos Nino.

Hoje, em 2023, ao compulsar a história, vemos a concretização do potencial produtivo e humano de Campo Novo do Parecis, conforme pressagiado pelo então Deputado Jaime Muraro na proposta de criação do novo município.

Ao comemorar o aniversário de 35 anos do Celeiro Nacional da Produção, a Câmara Municipal externa a sua gratidão a todos os filhos de Campo Novo do Parecis - sulistas, nordestinos, mato-grossenses... pela construção de sua história e garantia da grandeza do seu futuro.

“ ... Abençoada é a fartura de tuas Terras, nem mil guerras poderiam te abalar, bem aventuradas tuas muitas eras,
por teus filhos que ainda hão de chegar.

Em cada trabalhador um braço forte, cada lar traz um pedaço do país, tu jamais serás entregue à própria sorte - Campo Novo do Parecis.”

(Fonte: Secretaria Geral da Câmara Municipal de Campo Novo do Parecis)